terça-feira, 20 de novembro de 2007

Estamos Sós

Hoje, ele leu um poema. Apesar das pessoas à nossa volta e de tê-lo feito a mando da professora, o leu para mim. Com a imaginação permitida somente aos poetas dela gozarem, vi-nos sozinhos neste mundo enorme: ele, recitando um poema; eu, ouvindo-o só em minha larga insensibilidade paradoxal das mulheres ditas apaixonadas. Era pequeno, 7 ou 8 versos, de cujo nome já me esqueci, porém a irônica efemeridade da qual Bandeira tratava nunca deixou de me assombrar os ouvidos. Efêmera essa nossa relação estranha, mutável e, por que não um tanto quanto sedutora. Não, não pense que temos algo...Não nesse sentido...Não dessa forma. De que serve ser direto? A emoção está na incerteza, no acaso, na inspiração...No impulso. Se o homem possui a peculiaridade dos animais de ter instintos, deve tê-lo por algum motivo. Poucos eram os versos, mas me pareceu o poema um épico, uma eternidade. Doce eternidade, da qual surgiam pitorescas palavras que se iam com o vento, que se iam com a voz daquele que virou o motivo das mudanças mais drásticas, das cobranças mais cruéis...Das esperanças mais falsas. Estávamos sós. Sós no mundo de dores, de conflitos, de injustiças, de loucos, de falsos, de amores. Estávamos sós. Nada girava, nada se movia, tudo se ouvia e todos calavam. O dia caiu numa noite de Sol e Lua, que, por estarem tão distantes, adoravam-se calados. As palavras iam-se como o Sol ao aconchego do Horizonte. Meus lábios riam-se como a Lua, por desespero e medo de perder cada momento daquele sublime espetáculo cotidiano, mas que nunca, nunca se repetirá de forma tão esplendorosa. De repente, a professora apareceu, os amigos riam, e o mundo voltou a ser mundo. Não havia mais poema, não havia mais Lua e Sol, não havia mais o sorriso. Não, não estou apaixonada, isto não existe. O que há é algo muito mais forte, intrigante, sedutor...Não diga que é amor, pois inexiste muito mais. Prefiro não sabê-lo. Prefiro não nomeá-lo. Prefiro não inventá-lo.

Bianca
(09/12/05)


1 comentários:

Pat disse...

Nossa, que pesado...

...mas perai?Amor nao existe?Paixao nao existe?E quem se apaixona, é abduzido?

Sabe, é meio filosofico e complicado tentar definir a paixao, o amor, esses sentimentos medonhos que envolvem uma segunda pessoa, as vezes uma terceira ou quarta (Mattoso deve ter tido problemas com varias pessoas, ele dizia que a 1a pessoa do plural era a quarta...), mas o que acontece é mais medo do que nao-vontade de sentir essa coisa.

Eu sei, tive muito medo.E sei que todos têm.Mas pra isso, "deve-se dar uma chance", por mais que tudo pareça que nao vai dar certo...

E sobre o texto, minha rainha branca, vc sabe que está explendido!!!

Bjus

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